A CONVENCIDA
(Isabael Lopes)
Margarida
passara a muito tempo dos cinquenta, todavia alardeava aos quatro cantos que
idade era coisa de cabeça. E na sua cabeça, por exemplo, ela teria entre 17 a
20 anos, no máximo. O corpo, podia ressentir-se com a idade, mas ela não dava
sinais de cansaço, fazia de tudo um pouco para parecer mais jovem. Quando o
mercado lançava um creme novo prometendo milagres lá estava ela como primeira
consumidora. Não só os cremes eram consumidos pela nossa personagem, mas também
as maquiagens para disfarçar isto ou aquilo, os remédios para fortalecer aqui e
acolá e assim seguia a vida em busca da juventude eterna.
Margarida
afirmava ser irresistível, e quem dela se aproximasse logo estaria apaixonado,
não obstante a essas afirmativas, continuava solteira e em busca de um grande
amor.
Certa feita
apareceu um pretendente e tudo parecia que mudaria na vida da Margarida:
____Agora
sim, ela desencalha. Esse é um bom homem, trabalha, é solteiro e ainda por cima
é maduro.
Foi o maduro
que pegou. Exatamente isso que desagradou a sessentona.
___Quem
gosta de velho é museu. Eu minha filha não quero homem velho de jeito nenhum!
Os amigos
foram conferir a idade do pretendente, 40 anos, completos recentemente.
Informaram a Margarida, na certeza de que ela iria gostar da
notícia. Qual não foi a surpresa, ela simplesmente deu de ombros e respondeu:
___ Está
velho pra mim. Vê lá se uma mulher como eu vou ficar cuidando de homem velho,
depois adoece e morre e nem herança tem para deixar. Fico só, vou esperar um
mais apropriado pra minha idad...digo cond...digo...Ah sei lá um mais jovem.
Dizem que
Margarida continua lá, rejeitando pretendentes, esperando homem jovem, rico, e
bonito; porque feio ela já disse:
___Nem
pensar meu bem, sou bonita, mereço coisa boa.
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