A MODA DA ÉPOCA
(Isabel Cristina Pereira Lopes)
Tenho vagas
lembranças da moda dos meus tempos de criança, não sei classificar estilo, mas
lembro de algumas peças que até hoje povoam minhas melhores lembranças.
Ainda menina
lembro-me dos vestidinhos de barrado, enfeitados por cavalinhos e carrocinhas.
Era um luxo ter vestido com aplique, o que hoje chamam de pacth colagem.
Houve um
tempo dos shorts com as listrinhas adidas do lado, todo mundo que teve a
infância entre as décadas de 70 e 80 teve um. Ah, bonito mesmo era os colantes,
uma espécie de maiô usado para sair à rua. Usar Melissinha era um charme,
sandálias de plástico já tiveram seu apogeu na década de 80. E pensar que ainda
menina, em meados de 78 meu sonho era ter uma meia com uns pompons pendurados
dos lados! Esquisitices não faltaram, já usei robe de bolinha para ir à igreja.
Meu Deus que irreverência, mas o coração era puro.
Mas confesso
que meu maior desejo de adolescente foi um tênis de couro do tipo “Montreal” e
a calça jeans, que a gente dizia UESTOP, não sei por que. Deve ter sido uma
marca.
Eu nunca
tive muito, mas na infância tivemos mais um pouco de tranquilidade, nesse tempo
minha mãe era sacoleira, e por essa razão
tínhamos sempre umas “coisinhas” da moda: um quinique (tipo de
macacãozinho), um conjunto de saia calça (é o que o próprio nome indica, uma
mistura dos dois tipos de roupa), uma blusa cacharrel (gola alta), e outras
coisitas mais.
Lembro-me
que meu gosto pelo belo já se fazia presente, mesmo ainda muito pequena eu
rejeitava as coisas que fugiam ao padrão estético do momento e ao meu próprio
estilo (se é que posso chamar a mera intuição de estilo). Certa feita uma amiga
de minha mãe, dona de comércio em Várzea da Palma, trouxe para minha irmã e
para mim uns sapatinhos de plástico, de biquinhos finos e meio arrebitados. Eu
que nunca virá ninguém usando aquilo os achei horríveis, calcei-os a contra gosto,
voltei para casa usando-os. A certa altura do caminho a raiva contida pela
insatisfação de usar obrigada coisa tão feia, explodiu. Comecei
a gritar e sacudir os pés atirando os tais sapatos longe:
___ Não vou
usar esses sapatos de pateta, não!
Não sei quem
disse que aqueles eram sapatos de pateta, mas o certo é que eu sabia ou intuía
que gente bacana não usava aquela breguice, aquilo só podia ser coisa de
palhaço.
Não sei que
fim levaram os sapatos, anos mais tarde tive uns tamancos “barriga de aluguel”
com os bicos virados para cima bem parecidos com os tais sapatos de pateta.
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