segunda-feira, 12 de maio de 2014

A MODA DA ÉPOCA
(Isabel Cristina Pereira Lopes)


Tenho vagas lembranças da moda dos meus tempos de criança, não sei classificar estilo, mas lembro de algumas peças que até hoje povoam minhas melhores lembranças.
Ainda menina lembro-me dos vestidinhos de barrado, enfeitados por cavalinhos e carrocinhas. Era um luxo ter vestido com aplique, o que hoje chamam de pacth colagem.
Houve um tempo dos shorts com as listrinhas adidas do lado, todo mundo que teve a infância entre as décadas de 70 e 80 teve um. Ah, bonito mesmo era os colantes, uma espécie de maiô usado para sair à rua. Usar Melissinha era um charme, sandálias de plástico já tiveram seu apogeu na década de 80. E pensar que ainda menina, em meados de 78 meu sonho era ter uma meia com uns pompons pendurados dos lados! Esquisitices não faltaram, já usei robe de bolinha para ir à igreja. Meu Deus que irreverência, mas o coração era puro.
Mas confesso que meu maior desejo de adolescente foi um tênis de couro do tipo “Montreal” e a calça jeans, que a gente dizia UESTOP, não sei por que. Deve ter sido uma marca.
Eu nunca tive muito, mas na infância tivemos mais um pouco de tranquilidade, nesse tempo minha mãe era sacoleira, e por essa razão  tínhamos sempre umas “coisinhas” da moda: um quinique (tipo de macacãozinho), um conjunto de saia calça (é o que o próprio nome indica, uma mistura dos dois tipos de roupa), uma blusa cacharrel (gola alta), e outras coisitas mais.
Lembro-me que meu gosto pelo belo já se fazia presente, mesmo ainda muito pequena eu rejeitava as coisas que fugiam ao padrão estético do momento e ao meu próprio estilo (se é que posso chamar a mera intuição de estilo). Certa feita uma amiga de minha mãe, dona de comércio em Várzea da Palma, trouxe para minha irmã e para mim uns sapatinhos de plástico, de biquinhos finos e meio arrebitados. Eu que nunca virá ninguém usando aquilo os achei horríveis, calcei-os a contra gosto, voltei para casa usando-os. A certa altura do caminho a raiva contida pela insatisfação de usar obrigada coisa tão feia, explodiu. Comecei a gritar e sacudir os pés atirando os tais sapatos longe:
___ Não vou usar esses sapatos de pateta, não!
Não sei quem disse que aqueles eram sapatos de pateta, mas o certo é que eu sabia ou intuía que gente bacana não usava aquela breguice, aquilo só podia ser coisa de palhaço.

Não sei que fim levaram os sapatos, anos mais tarde tive uns tamancos “barriga de aluguel” com os bicos virados para cima bem parecidos com os tais sapatos de pateta.

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